terça-feira, julho 11

A intrusa

Sempre que ela chegava, era como se o mundo virasse de avesso, ela paralisava e não conseguia ser quem era. Era como se não pertencesse ali, sentia-se uma intrusa!
Ao entrar nesse novo mundo, queria descobri-lo, percorre-lo para poder usufruir todas as aventuras e lindas maravilhas que este visava. Assim como a própria “Alice” que quando avistou o coelho a correr, com um grande relógio de ouro na mão e a gritar: «Já vou atrasado!» cheia de curiosidade “Alice” seguiu-o.
A intrusa também queria explorar este mundo e relacionar-se com as restantes criaturas do mesmo grupo.
Mas por vezes sentia-se que se deparava num mundo sem sentido, onde as criaturas que lá habitavam falavam de forma enigmática, o que lhe era cada vez mais difícil não se sentir como uma alienígena. Ela queria entrar ali e fazer parte daquele mundo, mas era um pouco difícil uma vez que nenhum ser daquele mundo ainda por descobrir, parecia falar coisa com coisa.
A menina arranjou então um método de fuga, era como se ela se separasse de si própria, e recriava um mundo próprio, exacto, outro mundo! Mas desta vez um só dela, onde se abstraía de tudo e de todos e divagava percorrendo um universo de coisas visíveis e invisíveis.
Esta era a forma que ela tinha de sentir, que apesar de tudo, estivesse onde estivesse, ela ainda era ela, ela ainda existia algures, não interessa onde, com quem, mas existia, e a sua mente estava activa podendo se expressar, num mundo mental e sem palavras. Era também a sua forma de defesa para não sentir constantemente o desconforto da inadaptação, que lhe corrompia cada vez mais a alma, sempre que ela se encontrava naquela situação.
Ela tornou-se então um pequeno mundo, num universo cheio de estrelas cintilantes, mas, … que ela não conseguia alcançar e vice-versa.
A menina ia permanecendo assim uma incógnita sem querer ser descoberta, era um mundo estranho e intruso, que surgiu naquele universo, mas que ninguém o habitava, ninguém o descobria...

1 comentário:

Anónimo disse...

Como uma INTRUSA(O), penso que dentro de cada um de nós, habitará sempre esse sentimento!